Primeiro a gente tem, quando criança…. O ferrolho do ano. Aquele espaço de sete a quatorze dias nos quais a escola nos dá uma folga, fecha as portas, e ficamos à revelia da agenda da família. Dos pais, dos avós disponíveis, da doméstica, se houver, que se vê de cabelos brancos com a presença das crianças em casa. Depois, adultos, não sabemos mais o que é isso. O trânsito alivia de repente no mês de julho e não somos capazes de saber porquê. De tanto que essa realidade sucumbe. É o que vários leitores sem filhos devem estar se perguntando agora, ao ler esta coluna. Que relevância tem as férias de inverno na vida das empresas, do mercado?
Pois então, vou aliviar a tensão da ignorância de muitos. Basta você ter o primeiro filho e este entrar em idade escolar. Sou mãe de três e amante das escolinhas infantis de turnos corridos de doze horas. Quando bem pequenos, evitava deixar qualquer um deles este tempo todo, mas por muitas vezes, pelas demandas da minha vida de executiva, precisei. E a escolinha, como as portas do céu, se abria para mim pronta para corresponder aos meus horários malucos e rotinas cheias de trabalho. Inclusive nas férias de inverno.
Só que aí vem o primeiro ano escolar e você, que não sabia mais o que era aquela pausa no meio do ano, busca seu filho na escola, certo dia de julho, com um bilhete de “boas férias” e “até a volta”. No meu caso, dois bilhetes. Logo três. E quanto mais gente pequena, mais difícil achar quem tenha coragem de assumi-los para os pais trabalharem. Para a mãe, principalmente, seguir a vida. É verdade que depois dos filhos a mãe nunca mais “segue a vida”. Nossos pequenos companheiros nos colocam em um interminável “sobreaviso”. Mas nas férias, com todos dispensados da escola, fica ainda mais difícil tocar a rotina.
Mas aí, como é que faz?
Pois bem. Se eu realmente soubesse o que é melhor para você, para o seu negócio e para a sua família, isso possivelmente não seria mais pauta nos ambientes de negócios, nem nos canais de comunicação, nem eu teria recebido a encomenda deste texto. É pauta porque ainda é um período exigente para os pais e cheio de expectativas para os filhos. E em cada casa, a coisa se dá conforme é possível.
Aqui em casa já despachei para a casa dos avós, já contratei ajudante temporária, já levei para o trabalho. Sim, a gente faz loucuras para seguir operando. Só que a idade, além das marcas de expressão e da canseira, traz a experiencia das tentativas. Traz, a cada ano, melhores práticas. E com as famosas férias de julho não foi diferente. Há três anos faço férias de julho. Fecho as portas para a minha trabalheira. Reduzo as férias de verão e tiro para mim e para as crianças uma semana de folga nas férias de inverno. Sem planos de viagens, sem grandes gastos, sem nada em especial. Um tempo só para nós. Um tempo para jogarmos Imagem em Ação, assistir filmes do Netflix, jogar bola no campinho do final da rua, comer bergamotas no sol. Eles adoram, não preciso dizer. E eu também. Pois recarrego tempo com eles. Aquele que divido a duras penas entre eles nos dias comuns de trabalho, de apenas vinte e quatro horas.
Para a minha surpresa, ao avaliar a minha ausência da empresa nesta época, percebi uma realidade diferente no mercado no qual atuo. Essa passou a ser uma época difícil de agendar visitas comerciais, de viabilizar reuniões em SP, de fechar negócios. Passou a ser como a semana do Carnaval ou até se comparar ao final de dezembro….
Por que essa diminuição abrupta de ritmo? Porque é férias de julho! Tem muito pai e mãe bacana por aí se dando uma folga e curtindo esse pequeno tempo em família. E garanto: o país não parou por isso e ninguém morreu:)
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