Estava em um restaurante com as crianças neste final de semana, antes de irem para o Natal com o pai, quando vi, há três mesas da nossa, a minha avó Bebel. Já falei nela aqui, está falecida há pouco mais de dois anos. Mas a vi ali, pertinho, com o seu cabelo liso prateado e penteado para o lado, representado tão bem naquela senhorinha desconhecida.
Chamei seu nome em voz alta, tangibilizando os meus pensamentos. Na mesma hora meus filhos e marido ouviram e viraram para ela, e se assustaram com a semelhança entre aquela senhora e a minha avozinha. É a bisa Bebel! Disseram os dois maiores. E era ela. Era ela na gente, naquele momento. Ela estava ali, porque acredito, de verdade, que carregamos quem amamos conosco. No amor em nós. Mesmo na ausência. E o espírito do mês de dezembro, esse especial carregado de magia e histórias, só corrobora. Então vimos a minha avó amada, bisa deles, no nosso final de semana de Natal.
É como sinto que o espírito de Natal, o nascimento de Jesus, acontece nos nossos corações. Não o conhecemos, a Jesus. Somente através das suas histórias. Nos emocionamos na época do seu nascimento, pela beleza dos valores que a data dissemina e pelo espírito de paz e de amor que paira no ar. Sentimos saudade de quem perdemos, reconhecemos quem fomos, agradecemos ao que somos, ao que temos e a quem, como que por magia nesta época. Nasce com o Natal uma generosidade que muitas vezes adormece durante os outros onze meses do ano, infelizmente.
Mas porque lamentar, se podemos agradecer por existir, pelo menos em dezembro? Porque não sentir, e quem sabe crescer nesse sentimento, o expandindo para mais dias ou meses do ano, talvez? Aproveitando esta pausa que nos chama à paz e ao amor, em meio ao caos da nossa rotina?
Enfim, são tempos de luz, de ideias do bem. De menos críticas e mais amor.
Voltando para casa, há poucas horas de entregar os meus pequeninos na casa do pai para uma semana fora, os senti em mim. Grudados. Além dali, da distância física e das rotinas do compartilhamento.
Não serão esses sete dias que os tirarão de mim neste Natal. Não serão quantos dias forem que tirarão quem amamos de nós. Não será a ausência, ah não… Pois o amor verdadeiro vive na ausência, na saudade, afinal. E os sinto aqui agora. Há quase 500 quilômetros. Sinto a minha avó, de onde quer que esteja, aqui conosco. Há pouco, comendo alegre em uma churrascaria com os seus bisnetos. Sinto os meus pais, que estão passando o Natal na praia, longe de onde estou, mas aqui. Os sinto aqui. E as minhas irmãs espalhadas por aí, as que meus pais me deram e as que a vida trouxe. Todas aqui comigo. Sinto a minha tia de São Paulo, que este ano não veio para o Natal, por estarmos todos espalhados este ano, com as suas novas famílias.
Os sinto todos. Todos os meus afetos. Estão aqui comigo. E por isso estou em festa. Depois de espalhar mensagens de voz e de texto, com muito do meu bem querer. Como jeito de estar perto e como forma de viver a minha fé no amor, não só do jeito que for, mas de onde estiver.
Então, é só o que peço para você neste Natal. Que me lê, e que vive a saudade, as ausências.
Não há solidão no amor. Então tenha fé na sua vida à distância. Tenha fé na sua presença, mesmo na ausência. Na sua força em acompanhar a gente. Isso é amor. E se amas, não estás só agora. Estás rodeado dele, dos seus afetos…
Com carinho, Feliz Natal.
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