Recebi outro dia um contato querido do blog Fofoca de Mãe para participar da Campanha de Dia das Mães do Barra Shopping Sul deste ano. Não entendi direito do que se tratava na hora. Apenas que participariam outras mães. Que seríamos um grupo. E de cara já gostei da ideia, pois na posição de mãe de três, participar de uma campanha de mães caberia completamente no meu atual momento…. Seria eu no ápice da minha maternidade. Seria tudo a ver. Então a única coisa que tinha a fazer após aceitar o convite, era aparecer no local a combinar para participar da ação.

Minha rotina está meio maluca ainda. Além de uma bebê novinha em casa, tenho Joana e Joaquim com seu ano letivo em curso. Com temas, demandas escolares e emocionais, de certa forma. Afinal estão em adaptação à nossa nova constelação, à minha presença em casa o dia todo, e ao mesmo tempo, à minha natural falta, por conta do envolvimento com a amamentação e às noites mal dormidas. Então, só teria que pensar na logística de estar disponível para a campanha tendo que administrar os três filhos já que, por lei de “Murphy”, o horário da ação estava marcado para 18h30, quando todos estão em casa ou demandando do serviço de “leva e traz”, recepção da escola, banho e janta. Tipo “hora H” do meu dia de mãe.

Mas enfim, pedi uma ajuda dali outra daqui, e lá estávamos eu, a bebê fofa que se alimenta de mim e o meu marido para ampará-la, às 18h35.

Na champagnaria Natalício estavam sentadas, em uma mesa determinada à ação, nove mulheres. Nove mães. Cada uma com uma história diferente, com uma experiência diferente de maternidade. Mas o que foi mais interessante para mim: muitas, operárias de novas famílias. Mães, em diversos formatos. Mulheres com histórias de coragem. Como são a nossa maioria.

A proposta da ação para a qual fomos convidadas inicialmente estabelecia um momento de apresentações. Ali nos conhecemos, nos apresentamos, uma de cada vez, e contamos a nossa história enquanto mulheres, nossa história quanto a maternidade. E ali apareceram experiências bem distintas neste mundo parecido que é o da mãe. De diversas formas, por diversos caminhos, todas nós acabamos nos encontrando naquele mesmo ponto. Com filhos nos braços, na barriga, no hospital, como era o caso de uma delas…. Mas todas com filhos na vida. Todas donas deste amor gigante, que de alguma forma, por conta de sua intensidade, às movimentaram a atividades vinculadas ao que a maternidade às trouxe. A esta jornada linda que é ser mãe.

Blogueiras, advogada de família, jornalista, executiva e escritora, éramos todas pura emoção ao falar dos pequenos que mudaram as nossas vidas. E ali mesmo, naquela mesa de happy hour, já sentia o frio na barriga ao contar minha história, ao revisita-la, ao ouvir outras histórias tão bacanas sobre o que cada uma delas fez da sua vida. Com o que somos capazes de nos tornar. Fui me contagiando com cada história de rearranjo, de recomeço, de criatividade, que ouvi daquelas mães especiais. “Influenciadoras” que dividem suas histórias através das mais diversas atividades profissionais exercidas por cada uma naquele grupo. E que delícia falar deles, dos que nos fizeram mães. E do tanto de desafios que passamos a cada dia nos ajustes que alinham a mulher e a mãe em cada uma de nós. Que amenizem de alguma forma a culpa quanto ao que não damos conta. Ao já feito e que não tem volta. Às escolhas maravilhosas que fizemos e as nem tão maravilhosas assim…

Foi então, que por conta da presença da pequena Antonella, fui chamada em caráter de prioridade para a surpresa que nos esperava. Era um momento individual do qual não tínhamos nenhum conhecimento. E ali éramos somente eu, a blogueira Pâmela, organizadora da ação, um espelho na minha frente e algumas câmeras de foto e filmagem.

Não sou uma mulher das câmeras e holofotes. Dei poucas entrevistas na vida, por conta do New Families, e sempre foi um desafio pessoal para mim. Aos poucos tenho relaxado, mas naquele momento da ação, fui tomada por uma tensão, pois sabia que o assunto eram eles, meus pequenos, e não o New Families, o qual tenho tido a experiência constante de falar sobre. Falar deles, em pleno puerpério, com as minhas emoções a flor da pele, lidando com as reviravoltas da nossa nova constelação, e na presença da minha caçula, já me trazia a emoção fácil. E ali, com o rosto corado e os olhos marejados, comecei a ser questionada sobre a mulher que me tornei nos últimos dez anos, sobre a minha maternidade, sobre a minha construção da felicidade no depois.

Fui fluindo no assunto, este que divido há algumas semanas da minha vida no site New Families. Respondi de coração aberto a cada pergunta, me dando o presente de relembrar cada passo adiante na minha maternidade e na minha vida de mulher. Simplesmente uma delícia…. Um presente daquela querida que me entrevistava e do shopping, organizador da coisa toda.

Eis que a pergunta final me pedia que eu encarasse aquela mulher que eu refletia no espelho. Aquela, que no primeiro impacto, ao me posicionar, me surpreendeu como se eu não a visse todos os dias. Uma mulher com marcas do tempo, no corpo e na alma daqueles olhos. Uma mulher de pernas cruzadas, fora do meu corpo.

Ao me virar já comecei a chorar…. Enxerguei a mãe de três filhos que me tornei. A profissional que trabalha em horário integral, que escreve crônicas, que dá conta de uma estrutura de vida bastante exigente, e que às vezes não dá. Que aprendeu a compartilhar os filhos, que viveu um divórcio após uma vida em família idealizada. E me dei conta que o caminho pesou no meu semblante. Que me fez uma pessoa melhor, que me aproximou de mim, mulher, e até mãe, mas que não foi nada fácil. E ali, foi difícil falar. Chorei. Quis só abraçá-la. Aquela Juliana de dez anos atrás.  Aquela menos segura de si, mais criadora de ilusões, mais hippie, mais morena, de cabelos longos. Mãe pela primeira vez. Mulher que achava que a vida estava ganha, que naquele momento era só relaxar…. Ah, que inocente…

Obrigada de todo coração ao Barra Shopping Sul e à Pamela do Fofoca de Mãe por proporcionar este encontro com o passado. Por me permitir encontrar no meu olhar, naquele espelho, a mulher que fui há dez anos. E entender que neste tempo podemos escolher o caminho do crescimento ou da acomodação. E, com muita gratidão, ali estava uma mulher em crescimento.

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