Foi um privilégio falar de sexo ontem, sem cochichar.

Sem vergonha, sem medo de me expor, de nos expor, a nós mulheres.

Com aquelas tantas donas de si mesmas que estavam lá.

Donas da sua conduta, do seu caminho de realização pessoal.

Com um desejo de construir uma boa vida no sexo melhor hoje do que a de ontem, e eu espero, que ainda assim, pior do que a de amanhã.

É um privilégio imaginar que no sexo existe recomeço a cada nova experiência, no casamento ou na vida afora, em novos arranjos.

Desses que a gente reconstrói aqui, neste fórum do New Families.

Na busca pela troca intensa, equilibrada e completa, que de fato nos satisfaça.

E que a cada oportunidade dele, da vivência do sexo, este tão amplo e que transcende o ato em si, poder ser mais a gente.

Mais autêntica.

Mais conectada aos nossos desejos.

Mais protagonista.

Mais realizadora.

Se fazendo nesta cena ouvida e ativa.

É um privilégio falar de sexo quando ele é realmente olhado com prioridade.

Quando ele tem papel principal na relação, e não mais o patinho feio, sublimado, se comparado à avaliação de um bom marido ou bom pai, que tantas vezes orientaram as relações de afeto e a nossa própria realização aparente, não se fazendo suficiente no depois.  

Exigindo fins e recomeços.

Sexo é genuíno, um prazer natural.

O bom sexo é um direito humano.

É um achado.

Uma descoberta que começa primeiro com um, depois entre dois ou, vai saber…

Uma fonte inesgotável de autoconhecimento e de afeto.

Um evento de felicidade, e que é gratuito.

Um acontecimento que empunha na gente o amor próprio.

Que nos enche de poder.  

O primeiro poder! O qual podemos exercer em nós, sobre a nossa própria existência.

Sem equipes de trabalho ou seguidores.

Mas no papel de líderes e referências de nós mesmas.

Feito apenas da gente e da força e autoridade que fala por nós.

E que privilégio meu aprender mais ontem.

Com a Dra. Sandra Scalco, com as histórias da Paula Britto, com as experiências e perguntas das participantes encorajadas ali, naquele momento honesto. Das questões trazidas pela turma da internet, das mentorias que realizo no New Families e que tratam do começar de novo e melhor.

Que privilégio o meu.

Compreender hoje, após uma longa jornada, que o sexo realmente bom é aquele que agrada aos dois.

Que potencializa a ambos na cama.

Que não culpa o outro, mas assume função ativa, ensinando seu “mapa do amor” ao parceiro e aprendendo com ele.

Olhando o que faz bem aos dois na relação sexual, e construindo o prazer junto.

Feito de oferecimento, de entrega, ao passo que atento a nós mesmas, aos nossos próprios sentidos.

Exercendo a criatividade, brincando com experimentos e novas possibilidades.

Vivendo uma experiência que faz feliz a gregos e a troianos.

Que inquieta e depois quieta o corpo da gente.

Nada pode ser mais prazeroso, mais real e mais democrático.

Que privilégio ter estado no evento do Sexo ontem.

Ter promovido junto a parceiras queridas um lugar pertinho do sol, para conversarmos sem medo.

Aquecidas.

Sem vitimar-se ou na solidão.

Com outras como eu, como nós, por toda a parte daquela sala grande, que ficou pequena.

Nos tirando da zona de conforto, nos desconcertando mas nos informando.

Abrindo um universo de possibilidades, de dúvidas e de caminhos, sobre os quais conversamos e construímos ali.

Sou feliz demais com este trabalho…

Feliz por enxergar recomeços em tudo.

Vida após as mortes da vida.

Novas chances.

Sororidade. Pessoas amparando pessoas e dividindo com elas.

Que privilégio ver a vergonha sumir, dando espaço ao poder de ser.

De construir o melhor.

Assistir mulheres levando em consideração seu corpo, sua presença e o seu prazer na vida, em qualquer contexto. Principalmente no mais íntimo, que tratamos ali, e que começa no ser da gente, no nosso leito, com o parceiro que escolhermos.

Grata às que conversaram sobre o prazer no sexo na noite que acabou.

Coragem na busca por conteúdo e possibilidades, às ausentes.

Reflexão sobre este tema, às silenciosas.

Poder, à todas.

E um bom sexo e seus reflexos na vida.

Que seja bom como ele deve ser.

Que seja tua responsabilidade.

Que te encha de prazer até que você sinta o tremor dele e depois o absoluto relaxamento, frutos da missão cumprida contigo mesma na tua relação com o sexo.

E como ele vai? Se pergunte.

E se não vai bem, tem jeito de resgatar, de recomeçar, como tudo na vida.

Afinal, só para a morte não se tem solução:)

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