Ressignifiquei a relação entre capacidade e força na vida. Nas minhas travessias. Quando percebi que frente aos desafios minha capacidade era elástica, infinita. Que quanto mais eu me propunha, me exigia, me entregava e a minha energia a qualquer situação exigente, no intuito de atravessa-la, de supera-la, mais capaz eu ficava. Mais eu vencia aquela proposta da vida. Não idealizadamente falando, mas realmente. Quando deixava o obstáculo simplesmente para trás.

Ouço todos os dias, nas minhas mentorias, crenças sobre não se sentir capaz. Sobre questionar a própria “capacidade” de dar conta dos “nós” da vida. Das dores novas, do desconhecido, do que abate profundamente e que realmente não fomos treinados para lidar. Aqui vale tudo como exemplo… de disrrupções e fins, a recomeços, novas rotinas e até as impostas pela improvável pandemia na qual nos encontramos. Em algumas dessas cenas são tantas questões para lidar que a sensação de esgotamento emocional e físico é intensa e real. Porque nelas se esgotam nossas forças, não nossa capacidade. E é disso que se trata este papo, essa reflexão. Da capacidade infinita que temos de atravessar a vida e seus desafios, e que só se abate pelo esvaziamento da força em nós. Daquela nossa, vital. Do que nutrimos enquanto indivíduos e que por vezes nos apresenta um copo cheio, e em outras, vazio.

A pergunta que me veio na observação desse comportamento em mim e em mentorias foi quanto à origem da força. O que ela é e de onde vem. Como manter o nosso copo cheio dela de forma que nos sintamos capazes de superar o que a jornada nos apresenta? Que nos ampare e dê suporte na lida sobre o que escolhemos viver e pelo que somos eventualmente escolhidos?

Pois bem… Acredito que a força que nos torna capazes está no exercício diário de escolher, de nos apresentarmos, de nos colocarmos no mundo. Toda vez que “publicamos” o que preferimos, emitimos a nossa opinião, ponto de vista e perspectiva, do “nosso lugar”, ou quanto acolhemos e assumimos, no ambiente no qual vivemos, o que sentimos e desejamos, e o que não suportamos, estamos nos nutrindo de nós mesmos. Estamos “existindo” e alimentando quem somos a “Toddy”, como se diz popularmente. E com essa nutrição, nos inflamos da nossa força vital.

Faz sentido para você?

Ser colocado para fora, expor o que somos e temos por dentro, nos fortalece. Nos traz autenticidade, e com ela, um lido corajoso com os nossos medos e por consequência, consolida um preparo para lidar com os “desconhecidos” que virão.

Nesse contexto, enfrentar medos da vida, do desamor, da reprovação, das dificuldades financeiras, da maternidade, da solidão, ou mesmo das novas tentativas de nos relacionarmos, constitui uma força particular. Uma habilidade, uma potência, além de desenvolver uma fé imensa na gente mesma, positiva, que nos faz acreditar que podemos atravessar o que for, pois está tudo aqui. E a nossa capacidade vai até onde acreditamos que ela possa chegar, e assim mesmo, no exercício diário, e por ele, ainda pode nos surpreender.

Tem um ditado que diz que Deus, o universo, ou seja lá no que você acredita, só nos dá a “cruz”, o peso, ou dezenas deles, porque podemos carregá-los. E eu acredito de verdade nisso pois ele sustenta o meu argumento. De que, independentemente da crença, estamos prontos para os maiores desafios da vida.

Nada pode segurar um ser humano preenchido da força que é existir em si mesmo. Através da escolha e da apresentação. O que tanto chamo de “descer na Arena”, em reverência a incrível Brené Brown, para o enfrentamento da vergonha de ser quem se é. Aceitando tudo o que temos de bom e colocando para melhoria, através da consciência e do “olho no olho”, o que é vulnerável em nós, entregando ao mundo para lido e transformação.

E isso nos torna gigantes. Transborda o nosso copo. Amplia as nossas capacidades e nos tira o medo de existirmos em qualquer condição, desde que presentes, completos, acolhidos, sem fingimentos, fugas ou sustentações que nos tirem a nossa força.

É um caminho… Uma forma de viver a vida sem arrependimentos ou traições em relação a quem somos. E se hoje precisamos aparentemente de tanto do que vem do lado de fora, do oferecimento do consumo, social e moral, é por estarmos tão vazios. Atrás do que é padrão, do que até pode ser de alguns, o que eu divido, mas que não é nosso. Que nos impõe urgência, gerando ansiedade e nos esvaziando da tal força da qual falo. Da que movimenta as nossas capacidades para onde quisermos. E que se mostra viva quando escolhemos por nós, das pequenas escolhas como o que comer, como se vestir, conduzir a orientação aos filhos ou as que dão o tom e o volume às nossas gargalhadas, até as que envolvem escolher pelo final de um casamento, de um ciclo profissional ou de um comportamento nocivo presente em uma vida toda…

Momentos que eu chamaria de luz, de abertura das porteiras para a gente mesma, da hora “h” na qual entramos no palco, na arena, quando transbordamos força.

Ah se eu soubesse antes… Me ensinaram que agachamentos fortalecem os glúteos mas nunca que escolher me colocar de verdade, como eu sou, me levaria tão longe e me deixaria tão forte e bonita como indivíduo.

Coisas da vida… Dos caminhos que precisei atravessar na “marra” para aprender o melhor jeito de fazer. E se me perguntarem hoje se me sinto capaz, a minha resposta é sempre. Vai depender da minha força, mas essa eu sigo exercitando bem mais que os glúteos, confesso. Até porque é mais exigente comigo, e eu gosto de estender as minhas possibilidades… Além do desejo de ter a mim mesma “cheia”.

É o que eu tenho feito na vida, e no palco, desde que enfrentei a escolha pelo meu divórcio, tão forte para mim, e pelo início de uma nova chance na vida, uma nova oportunidade de ser eu, mais preenchida do que eu realmente queria dessa jornada.

O que, entre trancos e barrancos, valeu, e me fez transbordar:)

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