Essa frase é de Woody Allen. Gosto do olhar estranhamente nu e peculiar que ele oferece através das suas perspectivas as quais divide conosco em suas obras. Falo no que tange o objetivismo com o qual reproduz as emoções dos personagens das suas histórias, por exemplo. Na forma como ele conta dramas corriqueiros, caminhos do amor e das escolhas da vida de forma tão clara que chega a chocar, e muitas vezes a divertir, o que me parece um retrato justo da vida como ela é.

Ele fala sobre vivências da gente. Dos trajetos humanos, cheios de “provocações”, o que é também característica da arte dele. E o “Woody”, na intimidade da nossa conversa, me soa muito “sabido” quando traz a insistência como companhia do sucesso.

De cara eu penso na vida afetiva, apesar de saber que o amigo escritor fala de forma genérica. A palavra “insistir” tem diversos sinônimos importantes para as nossas travessias. E percebo que “insistimos” em defini-la como uma ação que soa chata, como que se utilizar o verbo fosse o mesmo que não aceitar fim, o fracasso ou a derrota, como que incapazes de lidar com o que já deu o que tinha que dar…

Insistir pode ser esgotar. Pode ser perseverar em algo que se acredita ou em alguém. Insistir é investir. É driblar o cansaço, é fortalecer a fé em alguma coisa pela qual se tem crença ou que é de grande valor. É não abandonar a ideia, o debate, as tentativas, o fruto do desejo. E isso não é bobo ou chato, definitivamente. Nem um convite desgastado ou atrasado a jogar a toalha.

Então volto aqui para a questão da sorte, ou do que prefiro chamar de “boa sorte”, cativada pela leitura do livro que leva este nome, escrito por Alex Rovira Celma e Fernando Trias de Bes, presente de uma amiga querida. E talvez por isso concorde realmente com o “Woody”, quando ele atribui trabalho às conquistas que insistimos em chamar de sorte, quando se tratam da “boa sorte”. Daquela do bem e pelo bem, consistente, conscientemente trabalhada, regada, e por isso, quem sabe, “para sempre”, enquanto fizer sentido.

A gente não conhece o amor e o vive de forma inteira, escolhida e profunda, quando não está insistindo no trabalho pela vida dele em nós, em ação, e por tudo o que envolve constituí-lo e recebe-lo.

Não estou falando de correr atrás disso desde que acorda até a hora de dormir. Isso não é insistência, estaria mais para obsessão, e essa, cega, não amplia a energia de trabalho, nem o afeto, nem a sensação de ganho, nem a de liberdade, nem o bem querer, e por isso, desvirtua a busca. Atribuo as oportunidades àqueles que não desistem do trabalho que os prepara para identifica-las e montar nelas. Naqueles cavalos encilhados, como costumamos popularmente chamar… Insistindo em se nutrir, em não desistir de si e da sua fé, em não se vitimar, já que se trata o tempo todo de um investimento em nós mesmas e na história que desejamos construir para nós.

Então esgote o que não parece ter chego ao fim para você. Se ainda há vontade, siga insistindo. Insista na ideia de ser feliz com o que te faz feliz ou com o que você acredita que trará essa sensação para a sua vida. Insista no trato consigo mesma, com o que dói em você, no seu coração, e que apita com desconforto aqui e ali, chamando a sua atenção para algo que está errado e que precisa ser enfrentado e atravessado corajosamente. Conversa com você mesma e se pergunta o que não está bem e o que é necessário para continuar buscando o melhor. Fica atenta ao que se passa com você, pois em tudo o que vivemos existe aprendizado e a chance de avançarmos um passo à frente em direção ao que queremos para nós. Se ainda não é, aprenda para começar de novo e ajustada, mais forte e mais conectada com o que não se quer mais. Se não deu é porque faltavam alinhamentos ainda… Só assim a rota vai sendo lapidada, e neste caminho, tudo vai fazendo mais sentido.

O melhor anda por aí, amiga… Está debaixo dos nossos olhos o tempo todo. Os cavalos encilhados estão soltos por toda a parte. Há amor e gente bacana por todo o lado… Gente como a gente buscando conexões verdadeiras. Há atividades a serviço de uma sociedade carente precisando de operários… Há recomeços a todo o tempo, a cada instante. Se ainda não é a “sua”, insista, ou estarás abrindo mão de viver, de aprender, de dar sentido à sua vida. E como cada uma de nós tem a sua história para desbravar, olha para a “sua” com carinho e sem referencias externas. Todas nós podemos achar a felicidade possível e essa “boa sorte” exige fé, construção e resiliência. Nada de desistir…

Então, se vale a dica, já que para muitos eu tive sorte na vida, lá vai: Insiste!

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